Em 2013, em entrevista à revista Rookie,
Emma Watson, uma das grandes estrelas de Harry Potter, declarou:
“Parece que quanto melhor eu me saio, maior é o meu sentimento de
inadequação, porque penso que em algum momento, alguém vai descobrir que
eu sou uma fraude e que eu não mereço nada do que conquistei”. Anos
antes, o mesmo pensamento também atormentava Kate Winslet. “Eu acordava
de manhã, antes de ir para uma gravação e pensava `não posso fazer isso.
Eu sou uma fraude”, contou à Interview.
Ambas sensações são resultado de um fenômeno chamado “síndrome do
impostor”, que, segundo um estudo realizado pela psicóloga Gail
Matthews, da Universidade Dominicana da Califórnia, nos Estados Unidos,
atinge em menor ou maior grau 70% dos profissionais bem-sucedidos,
principalmente mulheres. E você pode ser um deles.
As vítimas da síndrome são pessoas que jamais creditam seu sucesso à
inteligência, competência ou habilidade pessoal. “Elas se convencem de
que os elogios e reconhecimento de outros em relação à sua conquista não
são merecidos, atribuindo suas realizações à sorte, a algum encanto
repentino, contatos ou outros fatores externos”, explica a psicóloga
americana Valerie Young, autora do livro “Os pensamentos secretos das
mulheres de sucesso”. Soma-se a isso a sensação de que, a qualquer
momento, a sua incompetência será descoberta. Pronto, está aí o pacote
completo para a identificação da baixa autoestima profissional. “Não
importa o que tenha realizado ou o que as pessoas pensam, no fundo, você
está convencido de que é um impostor, uma farsa, uma fraude”,
acrescenta a especialista.
Segundo Valerie, este fenômeno costuma aparecer em momentos de
transição ou quando se é confrontado com um novo desafio, que costuma
vir “acompanhado de uma carga tremenda de ansiedade e insegurança”. E
aí, inconscientemente, as pessoas com a síndrome do impostor começam a
mudar adotar comportamentos que funcionem como mecanismos de defesa e
enfrentamento. A psicóloga listou os sete sinais mais comuns
identificados por ela e pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes,
que descobriram o fenômeno. Descubra se você é uma das vítimas:
1. Você se tornou um workaholic insano.
“Se você acredita que todos ao seu redor são inerentemente mais
inteligentes ou capazes, então uma maneira de evitar ser descoberto é
contar com um esforço extraordinário para encobrir sua suposta
inaptidão”, escreveu Valerie em seu livro. E aqui não se trata de
trabalho duro, mas de uma obsessão por todos os aspectos de uma
apresentação, relatório, reportagem, ou qualquer que seja o trabalho em
questão. Assim, você reconhece na quantificação do trabalho a medida
mais tangível da sua competência e pensa: “Posso não saber o que diabos
estou fazendo, mas pelo menos ninguém poderá me culpar por não dar
150%”. Quanto mais sucesso você conquista sendo workaholic, menos chances você acha que tem de ser descoberto como uma fraude.
2. Ou você tem se esforçado menos?
Este caso é completamente oposto ao anterior. Você sabe que poderia
ir mais longe, mas não vai, porque, se falhar, prefere que as pessoas
acreditem que foi por preguiça e não por burrice ou incapacidade. “Além
disso, quanto menos razões as pessoas têm para julgar seu desempenho,
melhor a chance de ser julgado”, pontua Valerie. “Parte de você entende
que empreender esforços para atingir um objetivo também o torna
vulnerável. Afinal, e se você dedicar todo esse tempo e energia para
construir um negócio e, de repente, falhar? Não, é muito menos doloroso
não tentar do que expor-se ao julgamento dos outros e deixar a desejar.
Além disso, se nunca realmente der o máximo, você sempre pode alegar (ao
menos a si mesmo) que poderia ter sido um grande artista, escritor,
líder ou advogado - isto é, se realmente tivesse tentado.”
3. Você adota a discrição absoluta ou, quando ser discreto não resolve, parte para mudanças desenfreadas.
Na hora de escolher uma área ou carreira, você aponta sempre para
aquelas que lhe permitem ser autônomo ou relativamente imperceptível.
Dessa forma, você sente que pode manter sob controle qualquer tipo de
avaliação ou fiscalização de rotina a que funcionários de empresas
costumam ser submetidos.
Agora, quando a única opção viável de emprego é em uma área
impossível de permanecer com segurança sob o radar dos chefes, você
adota um perfil constante de mudanças. “Como impostor, tem a sensação de
ter um grande alvo nas costas. Que melhor maneira de esquivar-se
daqueles que acredita terem superestimado suas habilidades do que sendo
um alvo móvel?”, conta a psicóloga.
4. Você usa o seu carisma para conseguir aprovação.
Na tentativa de encontrar ao menos uma pessoa para reconhecer o seu
brilho, você usa habilidades sociais para causar boa impressão, já que
não acredita em seu intelecto. “O problema é que, se seus esforços forem
bem-sucedidos, você dispensará a resposta positiva, acreditando que
somente podem pensar que é especial, porque gostam de você. Além disso,
na sua cabeça, precisar de aprovação externa apenas confirma que você é
uma fraude”, dizem Clance e Imes.
5. Você procrastina tudo que pode.
Adiar o trabalho se tornou uma desculpa pronta para te afastar de
qualquer situação que possa “desmascarar” a sua falha. “Você diz para si
mesmo que é por que você ‘funciona melhor sob pressão’. Talvez seja
isso, mas também sabe que, ao deixar tarefas importantes para o último
minuto, há mais chance de que a qualidade seja prejudicada”, explica
Valerie. E aí a desculpa será sempre o tempo e não a sua possível
incapacidade.
6. Você nunca termina nada.
“Não terminando nada, você não só se protege de uma possível
descoberta, como também, efetivamente, evita a vergonha de ser
criticado. Afinal, se alguém questiona seu trabalho, seu talento ou seu
conhecimento, você pode sempre insistir que o trabalho ‘ainda está em
andamento’ ou que ‘você está apenas se aventurando.’”
7. Você apela para a autossabotagem no trabalho.
O medo de ser exposto gera tanta ansiedade que você, sem perceber,
faz coisas para minar qualquer perspectiva de sucesso. Você chega
atrasado ou vai despreparado para um teste importante ou compromisso. Na
noite que antecede uma apresentação, você fica acordado até tarde ou
bebe loucamente. Afinal, se você se der mal, pode culpar o cansaço ou a
ressaca. Já se for bem, então, se sente digno, porque sabe que se safou
dessa vez.
Liberte-se!
Valerie aconselha que, identificado o problema, é essencial que a
pessoa comece a tirar bons proveitos de possíveis falhas, que,
inevitavelmente, vão acontecer uma hora ou outra. Escolha um objetivo
para enfrentar, mas não foque no erro. Pense nas lições que pode tirar se fracassar.
E, se por algum momento você voltar a pensar que a “Polícia dos Sem
Talento” vai chegar para te prender, lembre-se de quantos aumentos
salariais, promoções, prêmios e elogios você já conquistou na carreira.
Nada aconteceu por acaso!
Fonte: LINK
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